Homenagem ao dia Internacional das mulheres escrita por Carime Elmor, universitária do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Juiz de Fora em 08/03/2014.
“Ele é o Sujeito, ele é o Absoluto. Ela é o outro.” (Simone de Beauvoir)
Sensíveis e
lânguidas no romantismo, sensuais e desejadas de acordo com padrões;
humanas, inteligentes, covardemente oprimidas. (Des)movidas por
sentimentos de culpa dos fardos que lhes foram jogados no colo. A
aceitação é o retrocesso, mas a luta nasceu muito antes do que podemos
imaginar.
Dizer que
as mulheres são muito mais capazes do que elas mesmas foram forçadas a
acreditar, é um argumento que já se tornou lugar comum, por isso, para
esse dia internacional da Mulher vamos parabenizar a força daquelas que
transformaram pensamentos tão enraizados de uma construção social
machista e patriarcal.
Na Coréia e no Japão
foi preciso a estatística mostrar que o alcance do papel econômico das
mulheres era estratégia fundamental para o crescimento do PIB, para que
fossem tomadas medidas a fim de suprimir a não participação feminina no
mercado de trabalho.
No
Brasil, o movimento da Marcha das Vadias ganha as ruas de São Paulo em
meados de 2011, no mesmo ano em que se iniciava no Canadá. Mylena Melo,
estudante de Jornalismo da UFJF, participa da marcha e fez uma reflexão
sobre a data comemorada mundialmente no dia 8 de março: “A luta
feminista não pode ser ignorada. O dia da mulher é muito importante
também pra chamar atenção sobre isso. Infelizmente, a data perdeu seu
significado principal, a publicidade usa o dia pra vender chocolate,
perfume, maquiagem, ou seja, o padrão social de mulher. Mas é aí que
entra a continuidade da luta feminista em mostrar essa deturpação e
destacar a importância de um dia como esse, enquanto marco de uma luta”.
O curioso é
que desde o século XVIII pensamentos femininos revolucionários já
contestavam o comportamento social da mulher. Mary Wollstonecraft em
1792 publicou o primeiro grande tratado feminista, A Vindication of the Rights of Woman
(Uma defesa dos direitos da mulher). Em uma época em que as mulheres
viviam para seduzir e servir aos homens a fim de serem sustentadas, ela
defendeu que as mulheres precisavam ter a liberdade de ganhar seu
próprio dinheiro, conquistando a própria autonomia.
Mais tarde, em período próximo a primeira guerra mundial, Emmeline Pankhurt, lutava para que o direito das mulheres ao voto (sufrágio) não fosse ignorado. Juntamente com outras ativistas, conhecidas como “Sufragetes”, ela fundou em 1903 o Sindicato Social e Político das Mulheres que em desobediência civil, agia com caráter de militância. Ainda em 1913, Pankhurst afirmou “Ou se matam as mulheres ou se lhes dá o voto”. Logo após o fim da guerra, as mulheres na Grã-Bretanha começaram a conquistar esse direito.
Já no
século XIX o conceito de feminismo se espalhava e começava a questionar a
diferenciação discriminatória existente entre os sexos no ambiente de
trabalho. Simone de Beauvoir mesclou os argumentos feministas com sua
visão filosófica existencialista e toda vez que se questionava sobre
quem ser, a primeira coisa que pensava era “Eu sou uma mulher”. Essa
reflexão formou a base de seu livro “O Segundo Sexo” que lançava o
conceito de “sexismo” e indagava se as mulheres nasciam ou eram criadas
pelos preconceitos da sociedade.
Feministas ou não, revolucionárias ou
não, o dia internacional das mulheres é de todas. Mas se as mulheres tem
a consciência de que são produtos das expectativas da sociedade, elas
podem sempre querer quebrar essas limitações e seguir o exemplo dessas
três grandes mulheres que tiveram ideias surpreendentes a frente do
próprio tempo.
Texto por Carime Elmor
Disponível em http://www.acessojr.com/blog/?p=2972
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