sábado, 21 de janeiro de 2017

UMA PESSOA RUIM NUNCA SERÁ UM BOM PROFISSIONAL


Raquel Brito
 “Uma pessoa ruim nunca será um bom profissional”, afirmou o pai das inteligências múltiplas, Howard Gardner, em uma entrevista concedida ao jornal espanhol La Vanguardia.
Essa entrevista trouxe reflexões muito interessantes e, com isso, nos deu a possibilidade de amadurecer uma ideia que é o reflexo de uma verdade arrasadora. Somente as pessoas boas podem vir a ser excelentes profissionais. As pessoas ruins, por sua vez, nunca chegarão a isto, mesmo sendo verdade que possam alcançar grande perícia técnica.

Isto nos leva a pensar na possibilidade de classificar as pessoas em boas e más. Realmente esta diferenciação parece fictícia, pois os seres humanos não são uma dicotomia, mas sim uma amálgama de qualidades.
Estas qualidades, obviamente, podem ser entendidas como boas ou ruins. Quando colocamos na balança a combinação delas, talvez pese mais a parte obscura do que a brilhante; esse é justamente o sentido da frase que encabeça o artigo.
-Howard Gardner-
A bondade e o equilíbrio, a base do nosso profissionalismo
É preciso haver um equilíbrio entre o compromisso, a ética e a excelência para chegar a ser um bom profissional. Digamos que para “ser bom de verdade” é preciso colocar a alma, emoções, sentimentos e afinco ao próprio trabalho. Neste sentido, este fragmento da entrevista de Howard Gardner não tem desperdício, pois reflete a tremenda sensatez com a qual se adequa às suas palavras:
-Entrevistador: Por que existem excelentes profissionais que são pessoas ruins?
-Howard: Descobrimos que essas pessoas não existem. Na verdade, as pessoas ruins não podem ser profissionais excelentes. Nunca chegam a ser. Talvez possam ter uma perícia técnica, mas não são excelentes.
-E: Eu tenho em mente algumas exceções…
-H: O que comprovamos é que os melhores profissionais são sempre ECE: excelentes, comprometidos e éticos.
-E: Você não pode ser excelente profissional, mas um bicho ruim como pessoa?
-H: Não, porque você não alcança a excelência se não for mais além de satisfazer o seu ego, sua ambição ou sua avareza. Se você não se comprometer, portanto, com objetivos que vão mais além das suas necessidades para servir as de todos. E isso exige ética.
-E: Para se tornar rico, com frequência incomoda.
-H: Sem princípios éticos você pode chegar a ser rico, sim, ou tecnicamente bom, mas não excelente.
-E: É reconfortante saber disto.
-H: Hoje em dia nem tanto, porque também descobrimos que os jovens aceitam a necessidade de ética, mas não no início da carreira, pois acham que sem dar cotoveladas não irão triunfar. Enxergam a ética como o luxo de quem já alcançou o sucesso.
A importância de ser, acima de tudo, uma alma humana
“Conheça todas as teorias. Domine todas as técnicas, mas quando tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. Estas são palavras do emblemático psicanalista Carl Gustav Jung, palavras que escondem uma realidade certeira.
É importante que antes de profissionais, sejamos pessoas. É isso que traz equilíbrio no desenvolvimento das nossas qualidades profissionais. Não podemos nos desligar de nós mesmos; ou seja, de certa forma não podemos dissociar nossas vidas interiores das nossas vidas profissionais.
Falamos de essência, dessas qualidades que nos ajudam a não nos perdermos entre as pessoas, a nos conhecermos e desconhecermos, a transformar-nos através das lições, a ter um coração belo, a melhorar a cada dia e a nos contemplarmos como um arco-íris.
Porque, além disso, se há uma coisa que é preciso ter em mente é que as pessoas às vezes são branco, outras vezes preto, e às vezes mil cores. Equilibrando a balança em direção ao que é positivo conseguiremos alcançar a excelência nas nossas profissões, assim como nos diferentes âmbitos das nossas vidas.

Disponível em http://www.revistapazes.com/uma-pessoa-ruim-nunca-sera-um-bom-profissional/

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

É HORA DO LÍDER APARECER

Eugênio Mussak
O substantivo “recorrência” tem o significado de algo que se repete. Um fato recorrente é do tipo que vai acontecer de novo obedecendo, ou não, a um ciclo. 

Qualquer gestor que pense estrategicamente sabe que as recorrências devem ser respeitadas. 

São fatos relevantes. Quem ignora as recorrências corre o risco de cometer os mesmos erros e não aprender nada com eles.

Desde os estudos de Schumpeter sabemos que o mercado é cíclico, que a economia oscila como as ondas do mar e que as crises são, sim, recorrentes. Lidar bem com elas é qualidade dos gestores competentes e dos líderes preparados. Ninguém é julgado pelas crises que teve na vida, e sim pela maneira como reagiu a elas.

A desaceleração de economia não configura, necessariamente, uma crise, mas é um fato recorrente que impacta os resultados das empresas, que correm o risco de ver a desmotivação e o desânimo se instalarem nas equipes, que sentem a pressão – afinal o caixa não pode ser afetado, pois ele é o cálice sagrado que alimenta a todos.

Nessas horas, além de uma boa dose de bom senso, pelo menos três qualidades precisam ser acionadas: a resistência, para não deixar o ânimo cair; a eficiência, para tentar fazer mais com menos; e a criatividade, pois não podemos esperar novos resultados com velhas estratégias.

Estudos mostram que existem empresas que parecem nunca ser atingidas por crises e que mantêm seus resultados dentro de uma regularidade desconcertante. Será que o segredo dessa imunidade toda é o tipo de produto ou o mercado em que elas atuam? Ainda que esses fatores devam ser respeitados, a resposta é que essas empresas são capazes de prever as recorrências e se valem de ações preventivas, mitigadoras e corretivas.

Falando em recorrência, quantas vezes você já ouviu que é nos momentos difíceis que surgem os grandes líderes? Provavelmente tantas vezes que já está virando lugar comum, conceito cansado, quase um bordão de autoajuda.

Pode ser, mas nada disso elimina o componente de verdade que essa mensagem contém. O que não dá é parar o barco. E, no meio de uma crise, recessão ou dificuldade de qualquer natureza, é bom ter bem claro na mente que a vida é cíclica, que uma nova fase de abundância virá e que, por melhor que seja, também não durará para sempre.

Texto publicado sob licença da revista Você S/A, Editora Abril. Todos os direitos reservados

Disponível em http://www.eugeniomussak.com.br/e-hora-de-o-lider-aparecer/