A cada ciclo que se encerra, uma reflexão que se impõe é aquela que gravita em torno de nossas crenças, trazendo consigo a necessária análise sobre nossas esperanças e propósitos para o próximo ano.
Mario Sergio Cortella, grande filósofo brasileiro, parafraseando o inesquecível educador Paulo Freire afirma que "não se pode confundir esperança do verbo esperançar com esperança do verbo esperar. Aliás, uma das coisas mais perniciosas que temos nesse momento é o apodrecimento da esperança; em várias situações as pessoas acham que não tem mais jeito, que não tem alternativa, que a vida é assim mesmo… Violência? O que posso fazer? Espero que termine… Desemprego? O que posso fazer? Espero que resolvam… Fome? O que posso fazer? Espero que impeçam… Corrupção? O que posso fazer? Espero que liquidem… Isso não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo. E, se há algo que Paulo Freire fez o tempo todo, foi incendiar a nossa urgência de esperanças”.
Precisamos assumir a conjugação do verbo esperançar, deixando nossa zona de conforto para nos lançar em direção a novas perspectivas. Não será o outro o responsável por tudo aquilo que podemos e devemos realizar pessoalmente.
Esperar simplesmente é deixar que os outros resolvam, que o problema se resolva por si só ou se omitir e permitir que a situação fique cada vez mais complicada e fora de controle por falta de atitude. De outro lado, esperançar é agir, é criar o novo, é assumir a responsabilidade, é dar o melhor de si, é ser um agente transformador da sociedade, contribuindo de forma ativa para uma nova ordem de coisas.