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quarta-feira, 13 de novembro de 2019
segunda-feira, 7 de outubro de 2019
QUAL É O SEU PORQUÊ?
Se você deseja transformar sua vida e seus resultados, comece pelo porquê.
Abcs e até apróxima!
terça-feira, 10 de setembro de 2019
COMO DESENVOLVER A MAIS IMPORTANTE DE TODAS AS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS
O essencial para ser feliz e
realizado no trabalho está dentro de você, à espera de ser explorado. Saiba por
onde começar essa busca
Por Marcia Di Domenico, da VOCÊ S/A
Muitas qualidades e competências são fundamentais
para pavimentar o caminho até o sucesso profissional. Acima de todas, porém,
existe uma habilidade da qual as outras dependem para serem colocadas em
prática de forma efetiva: o autoconhecimento. Ele é indispensável para o
profissional do século 21.
De acordo com o relatório mais recente do Fórum
Econômico Mundial sobre o futuro do
trabalho, aptidões como criatividade, colaboração,
flexibilidade, pensamento crítico, capacidade de trabalhar sob pressão e
resolver problemas
complexos serão obrigatórias para evoluir na carreira daqui
para a frente.
E o autoconhecimento é o ponto de partida para o
desenvolvimento dessas e outras soft skills, como
são chamadas as habilidades comportamentais.
Não que algum dia ele tenha deixado de ser importante.
Mas as
transformações pelas quais o mundo do trabalho vem passando e as demandas das
novas gerações de profissionais — trabalho remoto, freelancer e sem carga
horária fixa, por exemplo — cada vez mais vão exigir boa capacidade de gestão
de si próprio.
“A
responsabilidade pelos rumos da carreira está mais do que nunca nas mãos do
indivíduo e menos sob responsabilidade da empresa”, afirma Wilma Dal Col,
diretora do Manpower Group.
“Ampliar a visão de si mesmo dentro e fora do ambiente de
trabalho permite fazer escolhas mais alinhadas com o
que você quer para a vida.”
O
problema é que a maioria das pessoas não tem boa percepção de si mesma. Foi o
que descobriu a psicóloga organizacional Tasha Eurich no livro “Insight — Por
que não nos conhecemos tão bem quanto pensamos e como ter clareza de quem somos
ajuda a alcançar o sucesso na vida e no trabalho” (numa tradução livre; ainda
sem edição brasileira).
Tasha ouviu quase 5 000 pessoas e descobriu que
apenas de 10% a 15% acreditam se conhecer bem. Um índice preocupante, já que
mais autoconhecimento está associado a índices mais elevados de satisfação no
trabalho e nos relacionamentos, produtividade, autoconfiança e felicidade, além
de menos estresse, ansiedade e depressão.
As etapas da jornada
Alguns
têm interesse natural por si mesmos e fazem da busca pelo autoconhecimento uma
constante na vida. Outros podem ser surpreendidos por alguma situação difícil
envolvendo saúde, dinheiro, família ou trabalho que os leve a querer ver
sentido e encontrar saídas para o problema.
“Ao mesmo
tempo, a rotina automatizada, o excesso de estímulos no dia a dia e a ideia de
que é preciso acelerar para se adaptar a tantas mudanças não poupa quase
ninguém e leva à perda de consciência da própria vida e do que é preciso de
fato para se sentir realizado”, afirma Edwiges Parra, psicóloga organizacional,
coach executiva e fundadora da Emind Mente Emocional.
Resultado:
uma multidão de seres desconectados de quem são, do que estão fazendo aqui e do
que desejam. Conhecer a si mesmo é uma investigação que tem início, mas nunca
acaba.
A seguir,
mostramos quais são as cinco principais etapas para conhecer a si mesmo.
1. Faça as perguntas certas
O
primeiro passo para tomar as rédeas de sua vida é fazer questionamentos do
tipo: “Estou feliz fazendo o que faço?”, “Que atenção estou dando à saúde e a
meus relacionamentos?”, “O que me dá prazer hoje?”, “Quanto espaço estou
reservando para isso no meu dia a dia?”, “Preferia estar fazendo outras
coisas?”, “O que me deixa desmotivado?” O objetivo é conectar-se, focar o que
está acontecendo no presente e detectar possíveis conflitos e fontes de
insatisfação.
Mas vale
saber que não é preciso estar passando por uma crise para decidir buscar o
autoconhecimento — ao contrário, saber mais sobre si mesmo é uma forma de
evitar que a crise apareça.
Nesse exercício, a psicóloga Tasha Eurich sugere
que evitar se perguntar o porquê — por exemplo, “por que não consigo me dar bem
com meu chefe?” ou “por que insisto em procrastinar?” — pode ser produtivo.
Ela explica: “Primeiro, porque dificilmente se
chega a respostas úteis, já que o mais provável é que, inconscientemente,
acabemos ‘inventando’ explicações que nos pareçam satisfatórias”, diz.
“Além disso, tentar entender os porquês tende a
gerar pensamentos ruminativos, que levam mais para o passado do que ajudam a
entender o que está ocorrendo no presente. É por isso que pessoas com perfil
muito analítico tendem a sofrer mais de ansiedade e depressão.”
Do escritório para a praia
O
empresário Felipe Arias, de 36 anos, passou por uma baita crise existencial até
chegar aonde sempre quis estar. Advogado de formação, ele se especializou no
mercado imobiliário e já atuava havia dez anos na área quando decidiu largar
tudo para empreender.
No último
emprego antes de pedir demissão, há três anos, ganhava muito bem e tinha
prestígio, mas, à medida que a carreira prosperava, sentia que estava cada vez
mais se desconectando de tudo o que o fazia feliz: natureza, vida simples,
praia, surfe e amigos por perto.
Para
piorar, as relações no escritório eram péssimas, era obrigado a vestir terno e
proibido de usar barba. “Eu me sentia um peixe fora da água. Mantinha um frasco
de protetor solar na gaveta do trabalho e cheirava quando queria relaxar e me sentir
mais perto da praia.”
Meio que
como uma terapia, Felipe começou um blog em que publicava histórias de gente
que havia abandonado tudo para viver de forma mais autêntica. “A ideia era
tomar coragem para eu fazer o mesmo.”
Foram
quatro anos tocando o site paralelamente à vida no escritório, e ele chegou a
fazer viagens bate-volta até o litoral para entrevistar personagens antes de
voltar para o expediente em São Paulo.
“Escrever
foi o que me salvou.” Felipe foi conhecendo mais gente, o projeto se desdobrou
para uma linha de camisetas e convites para organizar eventos que reuniam
música, arte e pé na areia.
Até que
ele tomou coragem para entregar o crachá, vender tudo o que tinha e investir na
Lar Mar, misto de loja, bar e espaço para eventos na capital paulista.
Hoje
Felipe vive como quer: “Trabalho descalço, conecto pessoas, promovo o trabalho
de artistas e vejo sentido no que faço. E ainda ganho mais dinheiro do que
antes”.
2. Peça feedback
Somos o resultado da soma do que sabemos sobre nós
mesmos com a maneira como o mundo (formado por nosso círculo de relações
pessoais e profissionais) nos enxerga.
Dar ouvidos ao feedback externo, portanto, leva a
uma consciência maior de quem somos — afinal, todos temos pontos cegos na
personalidade, que dificilmente enxergamos sozinhos.
Além disso, o exercício nos torna mais empáticos,
ou seja, capazes de compreender o outro e ver as coisas pela perspectiva dele.
Observar
nossas reações diante da opinião de terceiros também é parte da autoanálise e
geralmente revela bastante sobre nós.
Mas é
importante acolher a visão do outro e olhar para si mesmo com menos julgamento
e mais curiosidade e gentileza, tendo em mente que não é porque você age de
determinada maneira hoje, por mais nociva que seja, que precisa ser assim para
sempre.
“Pensar
desse modo diminui o impacto negativo que você gera sobre si mesmo”, diz a
coach e psicóloga Edwiges Parra.
3. Defina o que precisa mudar
Com uma visão mais nítida de quem você é, do que
deseja e de como vem agindo, é mais fácil definir quais aspectos deveriam ser
desenvolvidos ou modificados no comportamento ou na rotina.
Nessa fase, prepare-se para analisar hábitos,
reações, convicções e modos de realizar suas tarefas. Questionar e se desapegar
de atitudes e mentalidades que se tornaram padrões e já não servem a seu
momento atual ou à meta que está buscando tem o mesmo efeito de
tirar obstáculos do caminho de sua evolução.
Observar se seu “sistema operacional” interno
possibilita, por exemplo, perceber se precisa mesmo madrugar para frequentar a
academia todo dia (e morrer de sono antes do fim do expediente) ou se dormir
mais e malhar à noite não o deixaria mais bem disposto e produtivo.
Também ajuda a descobrir se precisa aprender a
ouvir mais, se vem guardando boas ideias para você por falta de autoconfiança
ou se está deixando de lado a vida social em nome da profissional.
Em resumo, se está levando uma vida que faz
sentido. Escolha uma meta por vez e trabalhe nela, celebrando seus avanços e
avaliando o impacto real na rotina, em vez de querer mudar a vida inteira de
uma vez — e acabar se frustrando e voltando à estaca zero.
Procuram-se líderes mais humanos – por que o
autoconhecimento é importante para a boa gestão
Um estudo, divulgado neste ano, em parceria entre a
consultoria em desenvolvimento de lideranças Green Peak e a Universidade
Cornell, ambas nos Estados Unidos, analisou a experiência, o estilo de gestão e
os resultados de 72 executivos de empresas públicas e privadas e revelou o
seguinte: os profissionais capazes de construir boas relações com e entre o
time entregaram melhores resultados financeiros do que os que eram vistos como
tiranos.
Entre as
explicações dos pesquisadores, a habilidade de compreender como se dá a
interação dentro do time e a consciência das potencialidades e fraquezas de
cada um (incluindo a si mesmo) permitiria ao líder montar uma equipe
equilibrada e produtiva.
Além
disso, a curiosidade de olhar além das experiências pessoais e de se interessar
pela realidade do cliente favoreceria a tomada de decisões assertivas e focadas
em resultado.
Nas organizações, espera-se que o líder pratique e
propague a cultura criando significados para os subordinados produzirem se
sentindo engajados e valorizados em sua individualidade.
Ser acessível, saber se comunicar e agir com
transparência — inclusive em relação ao que não sabe e precisa de apoio do time
—, em vez de distribuir e fiscalizar ordens e processos, são atributos de uma
gestão moderna e autoconsciente.
Porém, nem sempre há empenho por parte das chefias
para olhar além de si mesmo, muito menos admitir a própria vulnerabilidade.
Pesquisas mostram que, quanto maior o poder de um gestor, mais ele tende a
superestimar suas capacidades (em comparação com a opinião dos subordinados).
Ainda assim, o futuro aponta para profissionais
conscientes de que o aprimoramento como pessoa é condição para criar e inspirar
culturas organizacionais mais saudáveis e estafes mais eficientes.
Em escolas de educação executiva de referência no
mundo, como Harvard, Stanford e Yale, a arte vem sendo usada há algum tempo
como recurso na formação desse tipo de liderança.
A ideia não é exatamente usar pintura, escultura,
teatro e música de forma lúdica ou para entretenimento, mas como objetos de
análise e interpretação para levantar discussões sobre ética, racionalidade,
inovação e liberdade.
“A arte estimula novas formas de pensar, permite
olhar as situações além do óbvio, desenvolver pensamento crítico e resgatar
valores humanos, como generosidade, respeito e sensibilidade, tão importantes
nos ambientes de trabalho”, explica o professor e pesquisador Ricardo Carvalho,
especialista em arte e gestão da Fundação Dom Cabral.
4. Escolha seus recursos
A busca por autoconhecimento é pessoal e
intransferível, mas contar com ajuda profissional durante o percurso, em vez de
dar esse mergulho por conta própria (ou com auxílio de livros e aplicativos
apenas), faz diferença.
É mais ou menos como aprender a tocar um
instrumento: você até pode conseguir sozinho, mas talvez demore mais e deixe de
absorver lições importantes de quem tem mais experiência do que você no
assunto.
Seu perfil e suas metas individuais devem orientar
quais estratégias e ferramentas usar para descobrir mais sobre si mesmo. O
coaching é uma alternativa quando o foco das mudanças é a carreira.
Se a queixa for uma rotina desorganizada e
improdutiva, dificuldade para se adaptar a mudanças no trabalho — como explorar
com mais profundidade seus talentos ou organizar a vida financeira —, cliente e
coach podem trabalhar juntos para detectar possíveis obstáculos, traçar metas e
avaliar sua evolução ao longo das sessões (de dez a 15, em média).
É certo que não dá para evitar que dramas da vida
pessoal afetem o dia a dia profissional e vice-versa, mas, quando os conflitos
internos têm mais a ver com questões emocionais e menos com a performance no
trabalho, o melhor é considerar a psicoterapia.
Os prejuízos emocionais (tristeza, impaciência) e
cognitivos (falta de foco, lapsos de memória) desencadeados por uma separação
ou uma doença na família impactam a rotina no escritório, mas devem ser
tratados no consultório do psicólogo ou psiquiatra. Questões como assédio
e bullying também são caso de psicoterapia.
Meditar, praticar esportes, manter um hobby ou
atividade que tragam prazer, e cuidar das relações próximas são estratégias
que, além de aliviar tensões do dia a dia, favorecem a conexão consigo mesmo e
com os outros e ajudam a compreender nossos padrões de pensamento e de
comportamento.
Propósito e autonomia
O conflito da professora de marketing digital
Vanessa Kym, de 36 anos, ao pedir demissão de seus últimos empregos era o mesmo
de muita gente: trabalhar com o que gosta ou ganhar dinheiro? Vanessa tinha
estabilidade e boas avaliações, mas estava infeliz.Pesavam as muitas horas por
dia na função, o fato de não conseguir ver amigos e família, episódios de
assédio moral e sinais de alerta da saúde, como estresse, ansiedade, enxaqueca
e gastrite. O preço era alto demais e ela decidiu que tinha de tomar as rédeas
de sua vida profissional. Um curso de liderança feminina abriu a cabeça para as
armadilhas em que ela não queria mais cair — fazer concessões demais, enxergar
o trabalho como a parte mais importante da vida, priorizar cargos em vez de
satisfação, se identificar com o trabalho e descuidar da saúde e dos
relacionamentos — e trouxe mais segurança de estar no caminho certo. Respondeu
a um anúncio para dar aulas e acabou se encontrando — hoje leciona na Digital
House. Além de se sentir realizada, consegue conciliar o emprego de carteira
assinada com palestras e consultorias para marcas.
Recentemente,
recebeu proposta de uma multinacional francesa (trabalhar com franceses era,
até então, um sonho de carreira), com salário três vezes maior do que o do
último emprego, mas dispensou a vaga ao descobrir o que seria esperado dela:
disponibilidade quase total, inclusive nos fins de semana.
“Estava
tecnicamente preparada, mas seria voltar àquela espiral de trabalho que não
quero mais. Sucesso, para mim, é escolher os projetos em que desejo trabalhar,
e hoje posso fazer isso.”
Começando do zero
Se mudanças de vida vêm pela dor ou pelo amor, no
caso da empresária Patrícia Lima, de 40 anos, a reviravolta teve mais a ver com
o segundo porque se deu depois do nascimento da filha, hoje com 6 anos.
Patrícia comandava há mais de uma década uma publicação de referência no
mercado de moda e tinha rotina de workaholic. Pretendia retomar a rotina logo
depois de dar à luz e chegou a levar o berço ao escritório, mas nunca o usou. A
maternidade mudou tudo e o trabalho com moda foi perdendo o sentido.
“Tinha orgulho da minha trajetória, mas não do
legado que estava deixando para o mundo que minha filha encontraria no futuro.”
Patrícia se refere à natureza efêmera desse mercado, com lançamento de coleções
a cada quatro meses e estímulo ao consumo excessivo.
Olhando
para dentro e se questionando, viu que queria se lançar em algo novo, mas sem
jogar fora o conhecimento que tinha acumulado. Mais uma vez a maternidade
trouxe o insight: enquanto amamentava, Patrícia parou de usar maquiagem por
medo do contato com a pele do bebê.
Pesquisou
e viu que não havia no Brasil produtos desse tipo com uma pegada natural, sem
tanta química. E assim nasceu a Simple Organic, marca de maquiagens orgânicas e
veganas, depois de quase dois anos de pesquisas e testes. Houve quem a tachasse
de louca por trocar um negócio certo por algo desconhecido no país na época.
Esse,
porém, foi um dos principais argumentos da decisão. “Não queria ir pelo caminho
mais fácil, de seguir a concorrência e apenas fazer melhor aquilo que alguém já
fazia.
Queria
criar alguma coisa com identidade e entregar uma mensagem positiva, de
equilíbrio, que era também minha busca naquela nova fase da vida.” Foto:
Eduardo Marques
5. Repita o ciclo
Sem pressa
Há cerca de quatro anos, quando já ocupava a
posição que tem hoje na Wilson Sons, empresa do setor de logística portuária e
marítima, a supervisora de agenciamento Michelle Bonaparte, de 35 anos, recebeu
a proposta para assumir a coordenação de uma filial da companhia, o que
representaria um salto na carreira e um salário pelo menos 50% maior. Os olhos
brilharam, mas, depois de uma autoavaliação de seus pontos fortes e fracos, ela
sentiu que não tinha o conhecimento técnico necessário para a função e acabou
declinando sem peso na consciência. Sua chefe na época achou a decisão madura e
aceitou.
Recentemente,
um novo desafio exigiu mais esforços de adaptação: Michelle foi designada para
assumir uma gestão descentralizada, passou a liderar uma equipe maior e a se
dividir entre duas cidades, Santos e Rio de Janeiro.
“Aprendo
todos os dias a trabalhar minha tendência centralizadora, já que preciso
delegar e confiar.” Bastante interessada em autoconhecimento — nessa busca, ela
se apoia na filosofia contemporânea, na meditação e na espiritualidade —,
Michelle conta que, se aquela mesma promoção viesse hoje, aceitaria.
“Acumulei
experiência, tenho mais maturidade e me sinto mais segura. Tudo tem seu tempo.”
Disponível
em https://exame.abril.com.br/carreira/guia-do-autoconhecimento-veja-5-dicas-para-comecar-essa-jornada/
sábado, 3 de agosto de 2019
COMO GERAR ENGAJAMENTO NAS EQUIPES
Segundo Patrick Lencioni, em sua
obra “Os Cinco Desafios das Equipes” Ed. Sextante, diversos desafios estão
diante da liderança que minam o trabalho em grupo e, de forma especial, a
necessidade de engajar os integrantes da equipe em torno de propósitos,
objetivos e metas. Analisando unidades
organizacionais onde há relatos sobre dispersão, baixa adesão e falta de
motivação observa-se, desde logo, a existência de algumas características comuns:
FALTA DE CONFIANÇA
Ambientes nos quais as relações
não estão estruturadas em bases de lealdade, sinceridade e transparência, as
pessoas tendem a não assumir sua vulnerabilidade, adotando posturas de negação ou
de dissimulação, fato que impede o compartilhamento, o aprimoramento e a
superação de gaps de desempenho. Neste
sentido, a liderança precisa estimular relações de proximidade e transparência
e respeito, através das quais cada um possa expressar suas dificuldades e
encontrar apoio para superá-las.
MEDO DOS CONFLITOS
A falta de confiança impede a troca
de informações e a aprendizagem coletiva.
Quando cada um oculta suas dificuldades não se travam relações
verdadeiras, inviabilizando a troca de conhecimentos e habilidades e o
desenvolvimento individual e coletivo, evitando-se o conflito por medo de enfrentá-lo. Nesse contexto, as divergências de pensamento
que em muito enriqueceriam a todos são evitadas, eis que sequer são expostas.
Os conflitos em si não devem ser
considerados negativos. A divergência enriquece
o debate. Do conflito de ideias novos paradigmas surgem
a iluminar o caminho e a desencadear as mudanças necessárias à nossa evolução.
FALTA DE COMPROMETIMENTO
O trabalho a ser desenvolvido
precisa possuir significado para cada um dos membros da equipe, sob pena de inexistir
uma visão coletiva. É preciso buscar alinhamento na visão, através
da qual os membros irão confiar uns nos outros e realizar discussões
produtivas, e o comprometimento será obtido.
Quando todos estiverem efetivamente comprometidos com a visão comum, os
resultados serão atingidos de forma coletiva, sem ilhas de excelência, mas como
resultado da união de habilidades e esforços.
EVITAR RESPONSABILIZAR OS OUTROS
EVITAR RESPONSABILIZAR OS OUTROS
É preciso que cada um entenda seu
papel na dinâmica da equipe e que possa se sentir capaz de contribuir com o
melhor de suas potencialidades sem medo de errar. Os erros acontecem e fazem parte do
processo. Cada um deve assumir a sua
responsabilidade na busca das metas institucionais. E pelos erros que
porventura venha a acontecer.
FALTA DE ATENÇÃO AOS RESULTADOS
A evidência da excelência na
gestão se traduz também nos resultados alcançados. Se existe comprometimento na equipe e a
liderança cumpre seu papel, o atingimento das metas estabelecidas serão realidade. Por isso é muito importante ter atenção aos
resultados. É preciso estabelecer as
metas e buscar o comprometimento de toda a equipe em torno das mesmas. Acompanhar o desempenho ao longo do período,
aferindo e corrigindo o que for necessário.
Como liderança ou colaborador, faça sua parte. Estabeleça uma relação de confiança com os demais
integrantes da equipe; Encare o conflito e busque o desenvolvimento de novas
ideias; Estimule o comprometimento de todos com as tarefas individuais, assim
como as metas coletivas, sempre dentro da perspectiva da unidade de propósitos. Defina responsabilidades, foque nos
resultados e não se esqueça de celebrar.
Lembre-se que em uma equipe feliz a produtividade é muito superior, emquantidade e qualidade.
Abraços e até a próxima!
quinta-feira, 11 de julho de 2019
AS PEQUENAS COISAS QUE AFETAM NOSSOS RELACIONAMENTOS DE TRABALHO
Kerry Roberts Gibson e Beth Schinoff
Uma tarde, uma gestora a quem
chamaremos de Kassie enviou um e-mail a um colega de equipe, Harrison,
explicando por que não o havia incluído em uma reunião com um grupo de
executivos da empresa naquele mesmo dia. Kassie e Harrison tinham um bom
relacionamento e ela queria assegurar-se de que ele não ficasse ofendido. Dois
dias depois, ele ainda não havia respondido. Esse pequeno incidente levou
Kassie a questionar o relacionamento. Por que aquela grosseria repentina – será
que ele estava realmente aborrecido? Será que eles tinham mesmo um “bom”
relacionamento? Como Kassie deveria agir na próxima ver em que o encontrasse?
Harrison, enquanto isso, tinha escrito “responder e-mail da Kassie” em sua
lista de afazeres, mas estava muito ocupado e ainda não tinha tido tempo de
assim fazer; ele não fazia ideia de que Kassie estivesse preocupada com a
demora da resposta.
Muitas vezes, as interações
com colegas podem ser confusas – e até mesmo gerar estresse. As autoras têm
visto esse fenômeno com regularidade nos quase nove anos em que cada uma vem
estudando relacionamentos. Afinal, o modo como nos relacionamos com nossos
colegas de trabalho pode ser decisivo para o que sentimos em relação ao
emprego. Quando nos identificamos com eles, por exemplo, é muito mais provável
que nos sintamos felizes em relação à organização.
No entanto, as pessoas tendem
a pensar nos relacionamentos profissionais de maneira errada. A evolução
equipou os seres humanos para avaliar as situações como “boas” ou “más”, de
modo a poder agir frente a ameaças e oportunidades. Instintivamente, avaliamos
nosso relacionamento com nossos colegas de forma semelhante, em termos de “isso
ou aquilo”. O problema é que há muitos tipos de relacionamentos de trabalho –
bons, maus e tudo o que cabe entre esses dois extremos. Uma vasta quantidade de
pesquisas não só confirma isso, mas também demonstra que, muitas vezes, um
único relacionamento inclui uma mistura tanto de aspectos
positivos quanto negativos.
A maioria das pessoas também
vê os relacionamentos entre colegas de trabalho como sendo fixos: os bons
relacionamentos sempre serão felizes e os maus jamais melhorarão. Em
consequência, não damos o devido valor aos relacionamentos saudáveis nem lhes
dedicamos a atenção e o investimento que merecem. Além disso, desconsideramos
os relacionamentos desgastados em vez de tomar medidas para melhorá-los. Isso
também é equivocado porque, na verdade, os relacionamentos entre colegas de
trabalho são fluidos: mesmo os mais tóxicos podem ser reparados, e os mais
positivos podem deteriorar-se rapidamente.
Ao olhar atentamente, vemos
que os relacionamentos entre colegas de trabalho são, na verdade, formados por
uma série de “micro movimentos” – pequenos atos ou comportamentos que parecem
irrelevantes no momento, mas afetam a maneira como nos relacionamos. Os micro
movimentos são como os passos que caracterizam uma dança. Você executa um passo
e, em seguida, seu colega executa outro. Cada passo, ou micro movimento, pode
mudar a direção do relacionamento. Pesquisadores sugerem que um pequeno ato de
gratidão ou de compaixão – como agradecer quando alguém segura uma porta ou ser
compreensivo quando alguém se atrasa para uma reunião – pode aproximar as
pessoas e ajudar a construir confiança duradoura. Por outro lado, algo
aparentemente banal como a demora de Harrison em responder pode criar tensão e
sentimentos negativos capazes de perdurar muito tempo.
Os micro movimentos podem se
apresentar sob diversas formas, mas, de acordo com as pesquisas de Kerry Roberts
Gibson, a maior parte deles aproxima as pessoas ou as afasta. Alguns têm mais
impacto que outros: um comentário desrespeitoso em uma reunião de equipe, por
exemplo, provavelmente terá um efeito maior que o não comparecimento a
uma conference call. Mesmo assim, todos os micro movimentos têm
potencial para alterar os relacionamentos entre colegas de trabalho. Eis alguns
cenários que representam o que temos visto em nosso trabalho:
- Você tem um relacionamento difícil com uma
colega e fica sabendo que o pai dela faleceu recentemente. Você faz
questão de passar pela mesa dela e lhe dar condolências. A colega vê essa
conversa como uma oferta de paz e, alguns dias depois, se oferece para
ajudar você em um projeto.
- Você e alguns colegas decidem almoçar fora
e você se pergunta se deveria convidar seu único colega de equipe para ir
junto, mas decide não o convidar porque você foi convidado pelos outros.
Ao voltar ao escritório, você nota que seu colega de equipe parece
zangado. Ao sair, no final do expediente, ele informa que não revisou um
relatório que você precisa enviar no primeiro horário da manhã seguinte.
- Você está trabalhando com uma cliente
virtual via WebEx e, enquanto conversa com ela, também responde a e-mails
e mensagens de texto, sem prestar total atenção ao que ela diz. Mais
tarde, você conversa com seu chefe via mensagens de texto e ele menciona
que a cliente se mostrou irritada com seu comportamento num telefonema
após sua interação com ela.
Esses são apenas alguns
exemplos de como os micro movimentos podem alterar os relacionamentos. As
possibilidades e os resultados são incontáveis e, como cada relacionamento tem
suas próprias particularidades, nem todas as pessoas terão a mesma reação a um micro
movimento. Por exemplo, quando Kerry Roberts Gibson, Dana Harari e Jennifer
Carson Marr estudaram o efeito de se compartilhar um ponto fraco com um colega
de trabalho, constataram que isso prejudicava os relacionamentos se a pessoa
que revelava uma vulnerabilidade estivesse em um nível superior da hierarquia –
mas não quando essa pessoa estava no mesmo nível.
Como, então, é possível
descobrir quais micro movimentos podem ser úteis? As autoras elaboraram cinco
princípios orientadores:
Compreender o ponto de vista
do colega de trabalho. O impacto nem sempre corresponde à intenção. O que
torna os micro movimentos complicados é o fato de que cada pessoa tem padrões
diferentes para avaliá-los. Harrison não via qualquer problema no e-mail não
respondido; Kassie tinha outra opinião. Porém, ela deveria ter parado para
considerar o que poderia estar acontecendo na vida de Harrison: ele teria
acabado de voltar de uma viagem e ter uma quantidade enorme de e-mails para
responder? Ou estaria sobrecarregado com outro projeto? Ou pensemos no exemplo
dos pêsames a uma colega difícil: esse micro movimento poderia causar o efeito
inverso se a colega considerasse essa atitude insincera, talvez até
manipuladora. Por isso, antes de fazer um micro movimento, pergunte a si mesmo
como você reagiria se os papéis fossem trocados e então, após o movimento,
avalie a reação de seu colega e veja se corresponde a suas expectativas. Em
caso negativo, esteja preparado para prosseguir com micro movimentos
adicionais.
Reconhecer que os micro
movimentos nem sempre são intencionais. Se de repente as coisas parecem
ter se desencaminhado com um colega, pode ser devido a um micro movimento não
intencional que você tenha feito. Por exemplo, no caso do comportamento
multitarefa do cenário acima, use a reação da cliente como um sinal de que você
precisa ter mais consciência do seu próprio comportamento. Identificar a causa
da reação de um colega pode evitar que um pequeno mal-entendido se transforme
em algo maior. Isso posto, é importante observar que a culpa nem sempre é de um
micro movimento não intencional. Descobrir se a reação inesperada de um colega
tem algo a ver conosco pode ser tão simples quanto dizer de forma direta:
“Tenho a impressão de que você está aborrecido com algo. É algo que eu tenha
feito?”.
Compreender o próprio papel na
história. Muitas vezes, ficamos tão presos a nossas próprias emoções que
nos falta uma visão holística de nossos relacionamentos com colegas de trabalho
ou do impacto de nosso próprio comportamento. Se adotarmos a perspectiva de um
observador externo, poderemos ver com mais clareza a dinâmica de nossos
relacionamentos. Para aumentar a compreensão, responda às seguintes perguntas:
- Como um observador externo objetivo
narraria a história de seu relacionamento de trabalho? Quais os méritos e
os desafios desse relacionamento?
- Como um observador externo descreveria o
seu papel na situação? Seu comportamento aproxima você do colega ou o afasta?
- Que conselho você daria a alguém que
estivesse na sua situação? Há algum movimento específico que você
recomendaria ou desaconselharia?
Registrar seus micro
movimentos em um diário. Os pesquisadores recomendam manter um diário como
ferramenta para melhorar o desempenho. Pensamos que, além disso, essa
ferramenta pode ajudar a criar relacionamentos mais profundos e significativos.
Se houver um relacionamento que você gostaria de modificar, invista algum tempo
anotando os diversos micro movimentos feitos por você e por seu colega nas
cinco ou seis interações mais recentes entre vocês, incluindo as reações que
cada micro movimento causou. Por exemplo, se você deu um passo à frente (ao
pedir ajuda ao colega), seu colega deu um passo para trás (dizendo que não
tinha tempo) ou retribuiu na mesma moeda (solicitando sua ajuda com um
problema)? Registrar nossos movimentos pode nos ajudar a reconhecer padrões em
nossos relacionamentos, e isso pode elucidar micro movimentos capazes de
melhorá-los.
Saber que os micro movimentos
“bons” e “maus” não se equivalem. Podemos torcer para que um micro
movimento que aproxime um colega de nós compense outro que o afaste.
Infelizmente, os micro movimentos prejudiciais aos relacionamentos são mais
fáceis de se fazer e mais poderosos que os benéficos. Em um estudo amplamente
citado, Roy Baumeister, da University of Queensland, e seus colegas
observam que os efeitos das “más” interações têm muito mais peso que os efeitos
das interações “boas”. Assim, se você pensa ter feito um micro movimento que
possa ter prejudicado um relacionamento, experimente fazer um brainstorming para
identificar ao menos seis possíveis micro movimentos que o compensem.
A grande lição é que os
relacionamentos entre colegas de trabalho seguem um movimento natural de fluxo
e refluxo. Todos os dias, temos incontáveis oportunidades de moldá-los
repetidas vezes. A chave para isso é fazer micro movimentos que construam os
relacionamentos de trabalho que queremos, em vez de simplesmente nos contentar
com os que temos.
Kerry Roberts Gibson é
professora assistente no Departamento de Gestão da Babson College.
Beth Schinoff é professora
assistente de gestão e organização na Carroll School of Management da Boston
College.
Disponível em https://hbrbr.uol.com.br/as-pequenas-coisas-que-afetam-nossos-relacionamentos-de-trabalho/
terça-feira, 28 de maio de 2019
PRIMEIROS PASSOS PARA A COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA
TALITA
DANTAS
CNV – O que não é, o que é
Ao
contrário do que muita gente acredita, Comunicação Não-Violenta (CNV), método
criado por Marshall Rosenberg, não tem necessariamente a ver com falar
baixinho, procurar sempre agradar ou sempre ceder.
Em
verdade, é um modo de melhor alcançar a satisfação dos interesses de
ambas as partes envolvidas num conflito ou negociação. Mais que um método, é
uma maneira de viver, uma proposta de conexão autêntica, conosco mesmos (nível
intrapessoal); com os outros (nível interpessoal); com o mundo ao nosso redor
(nível sistêmico, nosso relacionamento com as instituições).
PRESSUPOSTOS DA CNV
Em
essência, nós já sabemos nos comunicar não-violentamente, porém fomos educados
a fazer o contrário. Ou seja, para a CNV, a generosidade, o dar naturalmente, é
o estado natural do ser-humano. Todavia, temos o hábito de nos comunicar de
modo violento. Isso porque fomos ensinados a competir pela razão, a
jogar um jogo moralista que envolve punição e recompensa. Dessa forma, perdemos
de foco a felicidade e brigamos para estarmos certos, em vez de concentrar
nossas forças em tornar a vida mais maravilhosa.
Nesse
jogo, perdemos a conexão uns com os outros e maximizamos a infelicidade. Todos
saem perdendo. Partimos da premissa equivocada de que quem está errado merece
ser punido e, sendo violentos, geramos ainda mais violência.
PRIMEIRO PASSO – AUTORRESPONSABILIDADE
Para
mudar o jogo, é preciso mudar a perspectiva. E o primeiro passo em direção a
isso é a autorresponsabilidade, a admissão de que sempre temos escolha.
Nosso sistema atual, com suas propostas burocráticas e hierárquicas, facilita a
atribuição da responsabilidade sobre o que decidimos e sentimos a terceiros.
“Fiz isso porque meu chefe mandou”, “porque ele me provocou”, “porque todo
mundo faz”… Você pode até não gostar das escolhas que se apresentam. Pode ser
que nenhuma delas pareça melhor que a(s) outra(s), mas isso não significa que a
escolha não exista e que você é obrigado a algo.
Assim,
escolher não fazer o que o chefe mandou pode não me ser atrativo, pois pode me
custar o emprego ou a promoção. No entanto, é preciso ter em mente que sou eu
quem está escolhendo agir em consonância com o que me está sendo pedido ou
ordenado.
O PERIGO DE NOS ISENTARMOS DE NOSSA
RESPONSABILIDADE.
Em seu
livro, “Scrum, a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo”, num
raciocínio que vai ao encontro daquele proposto pro Marshall, Jeff Sutherland,
relata experiência realizada por Milgram em 1974, a que se refere o artigo “The
Perils of Obedience [Os perigos da obediência]”, no qual estudantes
universitários, induzidos a acreditar que faziam parte de um experimento, davam
choques num ator, mesmo diante de demonstrações de dor e sofrimento, até que
ele encenasse a própria morte, apenas em virtude das ordens recebidas de alguém
que se passava pelo cientista condutor da pesquisa. “Faz parte do experimento e
você deve continuar”.
Para
Marshall, nos tornamos incrivelmente perigosos quando nos desvencilhamos
da responsabilidade por nossos atos. Um claro exemplo disso é o holocausto
nazista, em que os generais afirmavam que seus atos decorriam apenas de ordens
superiores, ou seja, não tinham escolha (supostamente).
Em CNV,
buscamos admitir nossa responsabilidade pelo que escolhemos e sentimos. Imputar
ao outro a responsabilidade por nossos sentimentos é tido como um ato de
violência
SEPARE FATO DE OPINIÃO
A
autorresponsabilidade pressupõe algo inicialmente difícil, separar fato de
opinião. O que é muito semelhante à proposta
de Ury no tocante a separar as pessoas do problema e já denota
a proximidade entre a abordagem proposta por um e outro autores. Devemos julgar
não as pessoas, mas que necessidades são ou não necessidades.
ENTENDA O SENTIMENTO E A NECESSIDADE
Observado
o fato, procuramos compreender o que sentimos quando ele ocorre, a fim de
identificar que necessidades nossas clamam por atenção naquele momento. Nesse
ponto é crucial discernir o que é sentimento e o que é julgamento, uma vez que
os sentimentos podem nos conectar ou distribuir mais violência. “Eu me sinto
assim, porque você…”, “você me faz sentir” são expressões violentas. Em vez
delas, procuramos chamar a responsabilidade para nós mesmos, uma vez que não
temos condições de saber com exatidão o que os outros pensam ou sentem. Dessa
forma, expressões adequadas seriam: “Quando eu vejo/ouço … eu sinto … porque eu
preciso de …”.
Evidenciados
os fatos, sentimentos e necessidades, podemos só então passar para o pedido,
que nada mais é que a estratégia que escolhemos para alcançar nossas
necessidades. É muito importante que essas duas coisas não se confundam, já que
uma estratégia é apenas uma das maneiras por meio das quais podemos alcançar a
satisfação de nossas necessidades. Uma e não “a” maneira. Ou seja, é preciso
estar aberto a possibilidades outras.
Pedidos
devem ser claros e devem expressar uma ação positiva. Assim, dizemos aquilo que
queremos em vez daquilo que não queremos. Isso porque a expressão do que não
queremos não deixa evidente o que queremos, além do que, a tentativa de
livrarmo-nos de algo torna atraente a violência.
PEÇA EM VEZ DE EXIGIR
Outra
distinção importante de Marshall Rosenberg é a que separa pedido de exigência.
Um pedido implica necessariamente a possibilidade de aceitarmos que o outro
também tem seus sentimentos e necessidades e pode não estar disposto a fazer
naquele momento aquilo que estamos solicitando. Nesse contexto, é importante
não nos vitimizarmos ou emburrarmos a fim de coagir o destinatário do pedido a
uma aceitação manipulada, típica do sistema de punição e recompensa, pautada
num sentimento de culpa. Isso é equivalente a dizer “ou você faz o que eu digo
ou você será o responsável pela minha mágoa”.
Você pode
sentir-se chateado porque sua estratégia preferida não funcionou. Só não pode
pretender imputar ao outro a responsabilidade por um sentimento seu. Em
verdade, espera-se que o outro apenas faça o que lhe está sendo requerido se
puder fazê-lo com a “alegria de uma criança a alimentar um pato”. Enquanto as
pessoas ouvirem nossos pedidos como exigência, enquanto não se
compreenderem livres para aceitar ou não, sem medo de serem punidas, elas só têm duas opções: submissão ou rebelião.
compreenderem livres para aceitar ou não, sem medo de serem punidas, elas só têm duas opções: submissão ou rebelião.
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