segunda-feira, 9 de setembro de 2013

NOSSAS ESCOLHAS DEFINEM NOSSA LIDERANÇA


A ESCOLHA DE LIDERAR por Eugênio Mussak

- Excuse me. Meat, fish or pasta?
 
 
Por um instante fui retirado da leitura do livro pela pergunta da aeromoça americana, que estava apressada em servir o almoço e queria saber se eu preferia carne, peixe ou massa. Fiz a minha escolha, para logo depois ouvir:
 
 
- And for starter, soup por salad?
 
 
Puxa, será que ela não ia parar de me fazer escolher? Ainda ia perguntar, claro, se eu preferia sobremesa, frutas ou queijos; se ia tomar vinho; se seria branco ou tinto; se a água seria com gás ou sem gás. Quando desisti de ler porque havia perdido a concentração liguei a TV e tive que fazer várias comandos até chegar aos filmes, para então me dar conta que tinha que optar entre drama, aventura, comédia, clássicos e sei lá mais o que, para então chegar a um imensa lista de filmes disponíveis.
 
 
Tudo bem, pois a variedade de opções é o melhor sinal da liberdade e do progresso. Essa é a parte boa. A ruim é que ter que escolher acaba gerando um momento de ansiedade, pois a escolha sempre pressupõe renúncia. Eu não podia comer carne, peixe e massa. Não no mesmo voo. Tinha que escolher um e abrir mão de dois. “Assim é a vida”, pensei.
 
 
Foi quando me dei conta que o livro que estava lendo era o Hanbook of Leadership, que tinha acabado de comprar na Coop, a livraria de Harvard, e nele havia uma abordagem sobre as escolhas estratégicas que os líderes tinham que estar preparados para fazer. Grandes líderes da História fizeram grandes escolhas, que influenciaram a vida de muitas pessoas. E assumiram a responsabilidade por elas, para isso eram líderes.
 
 
Sim, ser um líder é ter preparo para fazer escolhas e disposição para assumir a responsabilidade por elas. Sem essas duas qualidades não há liderança. E isto nos leva à primeira grande escolha que o líder tem que fazer: a de ser um líder.
 
 
Como toda escolha pressupõe renúncias, ao escolher ser um líder (por exemplo, assumindo um cargo de gerente ou diretor), você está, ao mesmo tempo, abrindo mão do conforto de não liderar, de simplesmente seguir, obedecer, não ter que tomar decisões nem assumir grandes responsabilidades.
 
 
Liderar é fazer escolhas, e quem não está disposto a faze-las em nome de outros, e responder por elas, não está preparado para liderar. Mas tudo bem, alguém tem que liderar e alguém tem que seguir. Não deseja fazer escolhas? Faça voos curtos. Neles a aeromoça só oferece uma barrinha de cereal. Fica mais fácil. Ainda que isto também seja uma escolha…
 
 
Texto publicado sob licença da revista Você s/a, Editora Abril.
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