Olhando
o cenário nacional e todas as turbulências que estamos vivendo, misturadas à
greves, arruaças, rombos públicos, superfaturamento, eleições, em fim, parece
que estamos no meio de um liquidificador de acontecimentos e que tudo está
acelerado, confuso, disforme, sem nexo.
E
neste ínterim eu parei para analisar o comportamento do brasileiro, fui
verificando as similaridades de comportamentos e percebi que poderia dividir o
povo em times. Mais especificamente em 4 times. O time das pessoas
pessimistas, o time das pessoas apáticas, o time das pessoas otimistas e o time
dos conscientes.
Eu
identifiquei que alguns times estão super lotados, como é o caso do primeiro
time (dos pessimistas). Já o último (dos conscientes) está carente de
jogadores… infelizmente.
Como
eu me identifico com o quarto time e sempre trabalhei para aumentar sua
população, decidi aproveitar este momento crítico brasileiro, para fazer uma
campanha e angariar adeptos a este time. E por isso este texto, na véspera da
enxurrada de informações que vamos receber nos próximos meses, em função das
eleições presidenciais que se aproximam. Vamos lá?
Que tal começar verificando agora mesmo em que time você está e
se é nele mesmo que pretende ficar nos próximos meses. Esta é sua escolha de
vida?
Os pessimistas:
Vejo
neste time àqueles que fizeram a opção por culpar os outros pela atual situação
de nosso país ou até mesmo pelos problemas mundiais. Neste time, alguns não se
assumem como pessimistas e sim como realistas, céticos, ou pragmáticos. Seja
qual for o nome dado as pessoas deste time, as principais características
observadas nelas são: descrença e culpabilidade. Essas pessoas escolheram
malhar o “Judas”. No caso o “Judas Iscariotes” é o País, o Brasil, seus
governantes, os políticos, o partido governante, os corruptos, o sistema que
está falido, que consequentemente gera falta de segurança, problemas
educacionais, condições desumanas para a população, pobreza, desigualdade
social, etc. etc. etc…
Em
fim, a culpa é dos outros. A pessoa em si não tem nada a ver com isto. Fica
apenas assistido os problemas do país, malhando, reclamando, lamentando,
acusando, em alguns casos olhando a grama do vizinho que parece estar mais
verde e desejando estar lá, dizendo por exemplo: – O Brasil é o país da
baderna. Queria ir morar na Inglaterra, no Caribe, na Escócia, no Canadá, ou em
outro país que ofereça condições melhores de vida à população… aqui está
impossível.
Já
ouvi tantas reclamações como essa nos últimos tempos, que então eu pergunto: –
O que uma pessoa ganha ficando neste time?
Bem,
neste time ela não precisa comprometer-se, engajar-se em alguma causa, em uma
missão ou fazer algo para as coisas melhorarem. Ela fica em condições difíceis,
é verdade, porém mesmo assim é melhor do que ter que assumir a responsabilidade
por criar algo melhor para si e para o ambiente onde vive. Eu diria que este
time é composto por pessoas que reclamam e apontam culpados continuamente. Elas
nunca têm culpa de nada. Precisam apenas receber do mundo e nada retribuir.
Os apáticos:
Estão
passando tempo. Estão alheios ao que está acontecendo, não se comprometem nem
para um lado e nem para o outro. Ficam em cima do muro. Não tem opinião, não
tem atitude, ignoram o que está acontecendo em nosso país ou no mundo. Estão
seguindo a vida conforme a música do nosso querido sambista que diz: – deixe a
vida me levar…
O
que ganham agindo desta forma? Não precisam gastar energia com o mundo externo.
Focam em cuidar do dia a dia e conseguem ficar bem com quase todos que
convivem. Nunca criam confusão, desacordos, atritos. Mas também não geram
nenhum movimento energético de mudança. Ou seja, se depender deles o mundo
continua como está. Em minha opinião, esse time de pessoas é o time dos “mortos
vivos”. Por falta de opção entram numa vivência altista, ignorando o que está
acontecendo e, portanto não veem problemas no mundo. E se veem ignoram.
Desta
forma, não precisam agir e fazer algum movimento para gerar mudança. O que
ganham agindo assim? Ao menos temporariamente conseguem ter controle e
tranquilidade com as vidas que levam. Enquanto nada muito grave acontece, vão
deixando as coisas como estão.
Os otimistas:
Essas
pessoas são cheias de fé, esperança e muitas vezes coragem. Muitas vezes,
ignoram os problemas do mundo, vivem no mundo de fantasias e ignoram as
injustiças do mundo. Elas não se preocupam com as circunstâncias atuais, pois
acham que as coisas vão melhorar, mas não fazem nada a respeito. Ficam como
“polianas” num mundo cheio de problemas, distorções sociais e perigos que rodeiam
a todos o tempo todo.
Algumas
pessoas deste time são idealistas, criam legados, e trabalham para gerar
melhorias onde vivem e em suas comunidades. Mas, muitas vezes também acreditam
em milagres, que “Deus” irá salvar o mundo ou que algo acontecerá para mudar as
coisas como em um passe de mágica.
Às
vezes, ignoram riscos e colocam-se em situações difíceis. Alimentam-se de
fantasias e de sonhos, e exilam-se da realidade planetária. Quando estão na
fantasia encontram alegria e contentamento. Sonham com realidades impossíveis
de serem mudadas com esforços isolados ou apenas com a fé. Entre os outros
quatro grupos, este é grupo onde as pessoas estão mais tranquilas, em paz, mais
alegres e até mesmo mais felizes. Não necessariamente estão agindo ou
distribuindo algo ao mundo. Estão muito mais no futuro do que no presente.
Estão vivendo uma realidade que não é real. Estão vivendo uma autoilusão.
Os conscientes:
Este
time de pessoas vem sendo formado por afinidades de percepções de seus
integrantes. E o que mais exemplifica a característica desses jogadores é a
percepção clara de como o mundo está, bem como onde eles estão. Eles olham o
mundo de frente e a si mesmos também de frente. Sabem exatamente o que podem
oferecer ao mundo, desde o espaço mais próximo onde estão inseridos, lugares
onde efetuam suas atividades profissionais, na comunidade onde vivem, ou até
mesmo em projetos sociais e humanísticos. Estão sempre “fazendo” para gerar
mudanças e transformações – às vezes em escala pequena e às vezes em escala
grandiosa. Não importa o tamanho da obra, mas estão sempre em movimento.
São
engajadas em causas, missões, mas ao mesmo tempo são realistas. Sabem que uma
mudança, por menor que seja, precisa ser feita por pessoas e que nunca
acontecerá um milagre. São engajadas no aprofundamento do autoconhecimento,
pois melhorando quem são ficará mais fácil de ajudar o mundo lá fora. Criam um
movimento energético que, por menor que seja, propiciará movimento no mundo
exterior.
As
vezes estão angustiadas, pois gostariam de fazer mais e ver resultados mais
rápidos. Mas nem mesmo o sentimento de angústia será capaz de desmotivá-las.
Seguem fazendo, usando a intuição e muitos outros recursos que vão aprendendo e
aprimorando durante o percurso.
É
esse time que vem fazendo diferença no mundo e que pode fazer diferença. Ele
ganha pela força do amor, pela determinação, pela coragem de exigir mudanças e
fazer aquilo que lhe cabe. É o time dos que “arregaçam as mangas” e fazem algo.
Plantam! Que seja uma semente pequena, mas está consciente de que um dia, as
sementes plantadas, serão grandes árvores – significando sombra e oxigênio para
as gerações futuras.
Minhas conclusões:
Cada
escolha nesta vida tem suas vantagens e desvantagens. Esta é uma máxima que não
há como negar. Cada pessoa alimenta-se dos resultados obtidos através das suas
escolhas. Se estas escolhas são produtivas ou não, não cabe a ninguém julgar.
Porém,
eu prefiro dizer que o mundo pode ser mudado e melhorado por pessoas que optem
pela consciência. A consciência mostra a realidade como é, e coloca as pessoas
em posições protagonistas, dentro daquilo que elas se sentem capazes em
retribuir ao mundo.
Eu
penso que o Brasil e o nosso planeta precisa de um exército cada vez maior de
pessoas optando e vivenciando o time dos conscientes. Milhares de pessoas,
preferencialmente milhões de pessoas trafegando nesta esfera, certamente farão
diferença e criarão condições melhores de vida para todos.
Se
cada SER começar a plantar sementes do bem, trabalhar dentro de seu
potencial e de sua missão de vida, uma nova força motriz será ativada, com
força para mudanças imensuráveis. Somente desta forma a energia do bem começará
a prevalecer e equilibrar as forças de confusão e do mal.
Ficar
esperando que os outros façam alguma coisa para mudar a atual situação em que
vivemos nos garantirá apenas uma coisa: um futuro igual ou mais difícil do que
o atual.
Façamos a diferença e
diferente, com consciência, mas acima de tudo, com amor no coração. Assim as
mudanças começarão a brotar aqui no Brasil e mundo a fora. Você pode mudar de
time a qualquer momento. Basta uma decisão e começar a mudança de atitude ainda
hoje.
Artigo escrito por: Vânia
Faria
Diretora
executiva da Evolução Humana Consultoria e da Cense Sistemas para RH,
especialista em cultura organizacional, coach e co-autora do livro “A World
Book of Values”.
Disponível em
http://www.evolucaohumana.com.br/blog/?p=3815