PRÁTICAS FAVORÁVEIS PARA A RESILIÊNCIA NO TRABALHO
George Barbosa
Fazia já algumas semanas que o rapaz percebia que não iria fechar sua cota. Por diversas vezes já havia escutado uma indireta de seu gerente, com a mensagem de que cabeças iriam ser cortadas. E, poucos meses antes do casamento, isso seria um desastre.
A pergunta que mais temos pesquisado na área de Recursos Humanos é: como orientar uma pessoa na situação de elevada e forte tensão que gera insegurança, quando temos o enfoque da resiliência?
Resiliência é a capacidade de superar obstáculos, resgatar um estado saudável com maior maturidade.
Entretanto, de que tipo de obstáculo a resiliência se refere?
Os obstáculos a que a resiliência se refere vão além. Ocorre, por exemplo, quando um profissional por questão de sobrevivência, tem como desafio manter-se no emprego. Outro exemplo é, quando a separação consome a saúde e coloca em perigo a estabilidade dos filhos e do emprego. Ou quando a morte chega com alto sofrimento, cheia de imprevistos e surpresas. Nestes momentos fortes e tensos não estamos falando de estresse simplesmente, mas de sobrevivência – e então de resiliência.
É por essas razões que é possível afirmar que resiliência se refere às fortes e tensas circunstâncias que nos acontecem. Aquelas que ultrapassam os limites do estresse da rotina de vida, ainda que seja a necessidade de desenvolver uma tarefa em nosso trabalho.
Se essa situação implicar na sobrevivência do trabalho ou da vida profissional, estamos nos referindo à resiliência.
E como desenvolvê-la?
A partir de 2009, na revalidação da escala de resiliência para adultos, oito áreas vitais foram contempladas: o autocontrole, a autoconfiança, a análise do contexto, a empatia, a leitura corporal, o ato de conquistar e manter pessoas na vida, o otimismo e o sentido de vida.
Na formulação do conceito da “Abordagem Resiliente” que estruturei a partir da revisão geral da literatura científica em 2009, cinco práticas foram tidas como essenciais para o incremento da resiliência nas oito áreas vitais.
A primeira delas é a “Ressignificação das crenças”, que se tornou um método validado para enfrentar situações de desestruturação emocional e comportamental. Essa prática, em tais circunstâncias, é traço essencial para desenvolver a resiliência. É reestruturar as crenças restritivas e limitantes, para transformá-las em crenças que despertam e alavancam os recursos internos pessoais.
A segunda prática é a “A disciplina diária”. Manter um estilo de vida disciplinado está intimamente relacionado com a permanência de uma adequada resiliência. Quando uma pessoa mantém o hábito de ter disciplina em sua rotina diária, em geral, ela obtém melhores resultados em seu desempenho.
A terceira prática está na capacidade de fazer o “Talento virar habilidades”. Muito se discutiu se os resilientes eram pessoas invulneráveis por possuírem talentos excepcionais.
Estudiosos que debateram essa questão demonstraram que o ponto chave não era ser talentoso o bastante para ser invulnerável, mas ser uma pessoa vulnerável com excelentes habilidades nas áreas essenciais da vida.
Uma quarta prática se refere ao que os teóricos da inovação chamam de “Prática deliberada”. A conduta que se guia por essa prática, pode ser descrita como: “abraçar o assunto” para se alcançar algo ou alguma coisa com a deliberada intenção de obter conhecimento e experiência.
E, por fim, o chamado “Caldo Cultural propício”. Trata-se de uma educação que resulta em uma herança cultural capaz de se manifestar como gene cultural que se perpetua por décadas na pessoa ou na organização. Podemos citar empresas japonesas ou alemãs como um exemplo típico dessa prática.
Em resumo, se pode dizer que essas práticas descritas alimentam e renovam o surgimento de crenças favoráveis e não limitantes para o desenvolvimento da resiliência nessas oito áreas fundamentais da vida.
São esses os conceitos que a Fundação Vanzolini e a Sociedade Brasileira de Resiliência (SOBRARE) ensinam para desenvolver resiliência. São práticas que têm por objetivo gerar impacto em áreas primordiais da vida do líder ou do colaborador, repercutindo na organização como um todo.
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Sobre o AutorGeorge Barbosa – Autor da escala Quest_Resiliência, Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Resiliência (SOBRARE), Consultor na Fundação Vanzolini e Professor do curso ‘O Líder Resiliente – O uso da resiliência como recurso de enfrentamento e superação do stress no trabalho
Disponível em http://vanzolini.org.br/blog/2014/01/praticas-favoraveis-para-a-resiliencia-no-trabalho/