Liz Kislik
Durante décadas
ouvimos que deveríamos contratar apenas funcionários classe A e, até mesmo, que
deveríamos tentar cortar os demais de nossas equipes. Porém, além de os
critérios para definir um funcionário classe A variarem muito entre as
empresas, é utópico acreditar que só se pode trabalhar com eles. Ademais, como
foi demonstrado pelo projeto Aristóteles da Google, que analisou o que torna
uma equipe eficaz, essa preferência ignora o valor profundo daqueles que são
considerados classe B.
Pelo que já pude notar em empresas de
todos os tamanhos e áreas, os funcionários-estrela têm, com frequência,
dificuldade em se adaptar à cultura e podem não colaborar bem com os colegas.
Por outro lado, funcionários classe B quase sempre são menos preocupados com
sua trajetória pessoal e têm maior tendência a superar as expectativas para dar
suporte aos clientes, aos colegas e para manter a reputação da empresa. Por
exemplo, quando um dos meus clientes passou por uma transição desastrosa de um
sistema de planejamento de recursos empresariais para outro, foi um funcionário
visto como classe B que manteve todas as áreas da empresa informadas, já que
assumiu uma responsabilidade pessoal em assegurar que todas as transações e
comunicações com clientes fossem corrigidas.
Como apoiar seus funcionários classe B
para que deem o melhor de si e contribuam o máximo possível com a empresa em
vez de desejar que fossem classe A? Considere as cinco abordagens a seguir a
fim de parar de subestimá-los e ajudá-los a alcançar seu potencial.
Conheça-os e valorize-os por aquilo que
são: únicos. Esse é o primeiro passo para extrair as habilidades e pontos
fortes que possuem. Conheça suas preocupações pessoais, preferências e a
maneira como veem o trabalho e lidam com ele. Esteja certo de não ignorá-los
por serem introvertidos, discretos ou trabalharem remotamente. Uma líder sênior com
quem trabalhei tinha uma preferência tão grande por extrovertidos que ignorava
ou desvalorizava os membros da equipe que estavam apenas fazendo seu trabalho.
Enquanto isso, as estrelas da equipe
ganhavam bastante atenção e recursos, mesmo que sempre fizessem drama e
causassem tumulto em vez de arcar com todas as responsabilidades que lhes
cabiam pelos resultados. Alguns dos membros considerados classe B por essa
líder começaram a deixar a equipe depois de um longo período de frustrações.
Quando ela e alguns dos funcionários-estrela finalmente saíram da empresa,
parte dos outros funcionários voltou e conseguiu fazer contribuições
significativas porque apoiava a missão e entendia os processos do trabalho.
Reavalie se estão na função
certa. Raramente os funcionários dão o melhor de si quando ocupam cargos que
destacam seus pontos fracos em vez dos fortes. Pode ser que tenham experiência
técnica, mas nenhum interesse, ou que sejam gerentes fracos, mas colaboradores
individuais fortes. Uma líder que conheço estava ficando cada vez mais
frustrada e menos eficiente. As pressões de satisfazer exigências conflitantes
de diferentes departamentos eram demais para ela. Então, saiu desse ambiente
para gerenciar uma equipe menor e mais coesa, focada no desenvolvimento de
novos produtos. Livre das pressões de gerenciar projetos em um ambiente muito
político, ela conseguiu ter foco e ser inspiradora novamente.
Considere a possibilidade de haver
preconceito em suas atribuições. Com frequência, mulheres
e negros são ignorados na hora de serem
escolhidos para tarefas desafiadoras ou de alto escalão. Pressupõe-se que “não
estejam prontos” e que não agem da maneira comum, ainda que estereotipada, de
“líderes”. Levantei essa possibilidade quando um líder de nível médio estava
tentando dar destaque para um dos membros de sua equipe e promovê-la, mas não
conseguia descobrir o que a tornava invisível aos olhos do líder sênior.
Criamos múltiplas estratégias para que o chefe dela pudesse mostrar a qualidade
e o impacto de seu trabalho nas reuniões seguintes.
Apoie-os deliberadamente para que deem
o melhor de si. Algumas pessoas são os piores
críticos que poderiam ter ou têm crenças
limitantes profundamente arraigadas que impedem a própria evolução. Quando um
de meus clientes perdeu um líder sênior e não podia pagar o preço de mercado
para substituí-lo, um funcionário classe B de longa data preencheu a vaga, mas
de forma ansiosa. Apesar de ter ampliado suas funções e manter a equipe funcionando,
enfatizou tanto para a gerência quanto para ele mesmo que não estava à altura
do cargo, e a maior parte da equipe de executivos continuou a tratá-lo dessa
maneira. Foi apenas depois de ter se aposentado e de um novo líder sênior ter
assumido seu lugar que ficou claro o quanto ele havia feito pela organização. A
equipe de executivos nunca compreendeu a extensão do que ele poderia ter feito
caso tivesse recebido o apoio, a valorização e as chances de desenvolvimento
que merecia durante todo o tempo em que trabalhou.
Dê permissão para que tomem a frente. Em 30 anos de
prática, uma das causas de hesitação que mais vi nas pessoas foi a de pensarem
que não tinham permissão para dar um passo à frente. (Aqueles que conhecemos
como classe A tendem a não pedir nem esperar permissão). Alguns dos
funcionários classe B não ficam confortáveis sob os holofotes, mas florescem
quando são incentivados a completar uma missão ou a contribuir para o bem da
empresa. Sou coach de uma líder de nível médio que é quieta, modesta e não
gosta de chamar atenção. Ela costumava esperar que o novo líder mostrasse uma
visão geral do futuro e fornecesse as coordenadas para que o trabalho fosse
feito. Perguntei o que faria se de repente fosse a encarregada da liderança, e
ela traçou um plano coerente. Então, dei incentivo para que o apresentasse ao
novo líder e pedisse permissão para prosseguir. Agora, ambos estão progredindo
em parceria.
É impossível sermos todos classe A e é
irreal pensar que sempre trabalharemos apenas com funcionários classe A.
Contudo, talvez essa não seja a meta apropriada. Em vez disso, tente usar essas
estratégias para ajudar os funcionários a darem o melhor de si. Assim, você
assegurará que toda a sua equipe possa ter um desempenho classe A+.
Liz Kislik ajuda
organizações desde a Fortune 500 até outras nacionais sem fins lucrativos e
empresas de família a resolver seus problemas mais complexos. Lecionou na NYU e
na Hofstra University, e recentemente foi palestrante na TEDxBaylorSchool.
Disponível em https://hbrbr.uol.com.br/engajar-funcionarios-classe-b/
Ei, muito interessante o texto. Gostaria de aproveitar o espaço para recomendar nosso material para controle financeiro pessoal grátis e apresentar nosso SPA em Guarapari, onde muitos empresários tem ido relaxar :-)
ResponderExcluirObrigado!