Clima organizacional, criatividade e inovação
Qual
a importância da criatividade para a sobrevivência e sucesso das
organizações nos dias de hoje? Durante os anos de 2009 e 2010 a IBM
ouviu mais de 1.500 CEOs (Chief Executive Officer) em todo o
mundo sobre as realidades e desafios do momento em que vivemos. As
conclusões dessas conversas, apresentadas no documento Capitalizando na Complexidade – Visão do Global Chief Executive Officer Study, destacam:
- o rápido crescimento da complexidade no mundo dos negócios;
- o reconhecimento de que as empresas não estão preparadas para lidar de maneira eficaz com essa complexidade no ambiente global, e
- a identificação de que a criatividade é a mais importante competência distinta de liderança para as empresas na busca de um caminho em meio a essa complexidade.
Solicitados
a priorizar as três qualidades de liderança mais importantes no novo
ambiente econômico, a criatividade foi priorizada por 60% dos CEOs,
seguida de integridade com 52%, pensamento global com 35% e influência
com 30%.
Os CEOS ouvidos reconhecem que as organizações necessitam de novas ideias que rompam com o status quo,
e se desfaçam de algumas crenças arraigadas. As novas abordagens
precisam ser originais e desafiar as premissas mais básicas que têm
norteado os negócios.
Como tornar as organizações mais criativas e inovadoras?
Constatar
a necessidade e a importância da criatividade é um passo importante,
mas é somente o primeiro passo. As perguntas seguintes são cruciais:
como criar um ambiente em que a criatividade seja cultivada, valorizada e
realmente utilizada? O que os lideres podem e devem fazer para liberar,
desenvolver e acionar a criatividade de suas equipes?
Acredito
que os estudos sobre clima organizacional e criatividade realizados por
Göran Ekvall da Universidade de Lund, Suécia, fornecem bases sólidas
para responder as duas perguntas acima. Erkvall identificou as dez
dimensões que caracterizam o clima organizacional sob a perspectiva da
criatividade e inovação, e que servem para avaliar o potencial inovador,
ou conservador, de uma organização.
No
contexto deste artigo, o clima organizacional representa o conjunto de
atitudes, sentimentos e comportamentos que caracterizam a vida na
organização e influenciam as comunicações, as decisões, os controles, a
coordenação e os processos psicológicos de aprendizado, criação,
motivação e comprometimento. O clima organizacional exerce um forte
efeito sobre: a utilização de recursos; a qualidade e a produtividade; o
bem estar das pessoas e sua disposição para enfrentar novos desafios.
As dez dimensões do ambiente criativo
Com
base nos estudos de Erkvall, a avaliação do clima organizacional sob as
perspectiva da criatividade e inovação se baseia em dez dimensões ou
critérios:
Desafio
O
envolvimento emocional dos membros da organização em suas operações e
objetivos. Num clima de alto desafio as pessoas mostram alegria, energia
e veem sentido no seu trabalho e, consequentemente, são intrinsecamente
motivadas a fazer contribuições. O clima de baixo desafio revela
alienação e indiferença; o sentimento e a atitude comuns são a apatia e
falta de interesse no trabalho e na organização.
Liberdade
A
independência de comportamento exercida pelas pessoas na organização.
Numa organização com muita liberdade, as pessoas fazem contatos para dar
e receber informações e discutem problemas e soluções; dentro de suas
atribuições e responsabilidades, elas têm autonomia para planejar suas
atividades e tomar decisões. O clima oposto apresenta pessoas que são
passivas, presas a normas e se mantêm dentro das regras e limites
estabelecidos.
Confiança/Sinceridade
A
segurança emocional nos relacionamentos. Quando há um elevado nível de
confiança, todos na organização se arriscam a levar adiante suas ideias e
opiniões. Iniciativas podem ser tomadas sem medo de represálias e
ridicularização no caso de fracasso. A comunicação é aberta e franca. No
caso oposto, onde há ausência de confiança, as pessoas suspeitam umas
das outras e cobram alto pelos erros que possam acontecer. Elas também
sentem medo de serem enganadas e terem suas ideias usurpadas.
Tempo para pensar
A
quantidade de tempo que as pessoas podem usar (e usam) para elaborar
novas ideias. Na situação de alta disponibilidade de tempo, existe a
possibilidade de discutir e testar novas ideias que não estejam
incluídas nas tarefas normais, e esta possibilidade é aproveitada. No
caso oposto, cada minuto está bloqueado e especificado. A pressão de
tempo torna impossível pensar em coisas que não estejam dentro das
instruções e rotinas estabelecidas.
Alegria/Humor
A
espontaneidade e naturalidade dominam o ambiente de trabalho. Uma
atmosfera tranquila e alegre caracteriza a organização forte nessa
dimensão. O ambiente oposto é caracterizado pela sisudez e excessiva
seriedade. A atmosfera é sufocante, sombria e formal. Brincadeiras e
risos são considerados impróprios.
Conflitos
A
presença de tensões pessoais e emocionais na organização (não confundir
com confronto de ideias). Quando o nível de conflito é alto, os grupos e
indivíduos se odeiam e o clima pode ser descrito como uma “guerra”.
Conspirações e armadilhas são elementos usuais na vida da organização.
Fofocas e calúnias correm soltas. No caso oposto, as pessoas se
comportam de modo natural; elas têm controle sobre suas emoções e
impulsos.
Apoio a ideias
O
modo como as novas ideias são tratadas. Num clima de apoio, as ideias e
sugestões são recebidas com atenção e interesse pelos chefes e colegas
de trabalho. As pessoas ouvem umas às outras e encorajam as iniciativas.
São criadas as facilidades para se tentar novas ideias. A atmosfera é
construtiva e positiva. Quando o apoio a ideias é fraco, o “não”
automático predomina. Cada sugestão é imediatamente recusada por
contra-argumentos. A procura de falhas e a colocação de objeções são os
estilos usuais de responder às ideias.
Debates
A
ocorrência de confrontos e debates entre pontos de vista, ideias,
experiências e conhecimentos diferentes. Na organização em que existe o
debate, muitas vozes são ouvidas e as pessoas mostram entusiasmo na
apresentação e discussão de suas ideias. Onde o debate está ausente, as
pessoas seguem modelos autoritários sem questionamentos.
Aceitação de riscos
A
tolerância à incerteza demonstrada na organização. No caso de alta
aceitação de riscos, as decisões e ações são oportunas e rápidas, as
oportunidades que surgem são exploradas. A experimentação tem
preferência sobre as investigações demoradas e análises detalhadas. No
caso de organizações avessas ao risco, o clima é de uma mentalidade
excessivamente cautelosa e hesitante. As pessoas tentam ficar no terreno
conhecido e seguro. Elas preferem dormir sobre o assunto; criam comitês
e procuram se proteger de todos os modos antes de tomar uma decisão.
Dinamismo/Vivacidade
A
vida na organização é plena de novidades e de energia positiva. Na
situação altamente dinâmica há uma espécie de turbulência psicológica,
coisas novas estão acontecendo a toda hora e surgem com frequência
alternativas sobre modos de pensar e de lidar com os assuntos e
problemas. A situação oposta se caracteriza pela ausência de novos
projetos e de planos diferentes. Não há surpresas, tudo segue como de
costume.
http://criatividadeaplicada.com/2011/05/17/clima-organizacional-criatividade-e-inovacao/
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