Por Luah Galvão para a Revista Exame
A discussão que ronda ultimamente a liderança
parece ser sem fim. Novos modelos de líderes apareceram no front nas
últimas décadas impactando a forma de enxergarmos aquele que está no degrau
acima. Líderes mais carismáticos, envolventes, “chegados” ou visionários
recheiam o mercado trazendo novos ares e novas perspectivas. Mas, afinal, por
que o “jeitão” da liderança impacta tanto nosso dia a dia? Que tipo de gestor
você quer ser hoje ou em quem você vai se inspirar para liderar no futuro?
Parafraseando o filósofo Mario Sergio Cortella,
autor que gosto muito, aqui vai um trecho de um de seus livros: “O que é
liderar? É ser capaz de inspirar. Inspirar pessoas, ideias, projetos,
situações. O líder é aquele que infla vitalidade. Eu não estou usando a palavra
‘inspirar’ à toa. A noção de inspirar é dar vitalidade. É animar. O líder é
capaz de animar, palavra que vem do latim anima e que significa alma…
de anima vem ‘animal’, ‘animação’, ‘animado’”.
A tarefa fundamental que desenvolve a liderança é
ser capaz de inspirar as pessoas. Muita gente não é capaz de inspirar, só é
capaz de expirar. Tirar animação, tirar vitalidade. Se alguém só expira, talvez
não consiga ser líder, só consiga ser chefe. Mas chefe está ancorado em uma
hierarquia” (Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão,
liderança e ética.)
O parágrafo acima já explica muita coisa,
principalmente algumas das razões pelas quais as empresas comandadas por
líderes inspiradores geram bons resultados para seus colaboradores e, por
tabela, em seus negócios. Sempre dizemos em nossos textos
que ninguém motiva ninguém, mas somos capazes de inspirar e gestores imbuídos
dessa energia acabam sendo admirados e seguidos.
Um dia desses, num evento de Excelência nos
Negócios que mediei na Harvard Business Review Brasil escutei inúmeras vezes de
grandes líderes que a gestão de pessoas é pilar fundamental para a excelência da liderança. Um líder tem de buscar compreender
o que de fato motiva e inspira seus colaboradores.
A nova métrica diz que a motivação não é mais
algo pasteurizado. Jaime Szulc, presidente para América Latina da Goodyear
disse: “A liderança tem de ser humanista, é preciso ativar pessoas para que
façam seu melhor. No fundo, todos querem contribuir para o mundo que vivem”. E
completa afirmando ser um líder que acredita em motivar pessoas, “mas como
pessoas são únicas pra cada uma delas o impulso será diferente”.
No mesmo evento, o professor Soumitra Dutta,
reitor da Escola de Gestão da Universidade de Cornell (Estados
Unidos), fez algumas observações interessantes: “Temos de pensar realmente
fora da caixa. A excelência dos negócios se baseia em dois pilares: inovação e
gestão de pessoas”.
Em relação à gestão, ele disse: “Quanto mais
tentarmos mudar o comportamento das pessoas, menos motivadas elas estarão.
Muitas vezes, líderes impõem seu jeito e suas intenções no outro. Pessoas são
diferentes e temos de perguntar o que as motiva, entender o que é importante
para cada uma delas”, afirmou.
“As empresas que buscam pela alta performance tem
de saber cuidar da felicidade de seus colaboradores e entender o que os faz
acordar todos os dias e seguir para o trabalho. A busca por um contexto e um
ambiente em que pessoas possam se desenvolver sentindo-se úteis e reconhecidas
é um dos grandes desafios dos dias de hoje. A verdade é que todos nós queremos
nos sentir competentes no que fazemos”, complementou, no evento.
Acho que é exatamente isso que torna o estudo
mais complexo e, ao mesmo tempo, mais interessante. Pessoas se motivam por fatores
absolutamente diversos e a compreensão desses fatores é o que está alterando as
bases e ferramentas de motivação.
Pessoas querem mais do que remuneração. As pessoas saíram da caixa. Não somos
mais os laranjas mecânicas da Revolução Industrial. O padrão comportamental
passou por grandes mudanças, dando espaço para que cada um pudesse assumir sua anima;
cada qual vibrando com impulsos diferentes.
A banda Titãs, no final dos anos 1980, foram
visionários no que proclamou, de forma simples, no sucesso “Comida”:
“A gente não quer só dinheiro
A gente quer dinheiro e felicidade
A gente não quer só dinheiro a gente quer
inteiro e não pela metade…
Você tem sede de que? Você tem fome de que?…
Afinal, a gente tem fome de que? Tem sede de
que?”
A música “Comida” ilustra bem o novo cenário
lotado de pessoas que não querem mais apenas o dinheiro. Querem se sentir inteiras,
buscar seu propósito e muitos querem deixar um legado. Querem existir
além do café da manhã e do jantar, preencher o vácuo e fazer valer a existência.
Para esses, o verdadeiro líder vai muito além da
“chefia”, aquela figura de chefe dos seriados antigos e desenhos animados.
Aquele que ainda não mudou e olhou para os olhos de seus colaboradores não vai
assegurar por muito tempo seu lugar ao sol. Os verdadeiros líderes inspiram,
são personas que de algum modo queremos seguir, continuar os feitos e
acompanhar.
Disponível em http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/o-que-te-motiva/2013/07/12/liderar-ou-chefiar-eis-a-questao/
A difícil dicotomia ser líder ou ser chefe, o fato é que nenhum dos dois nascem prontos, mas o líder é reconhecido e estará sempre disponível para atender sua equipe nos menores detalhes, portanto, o chefe precisa aprender a ser líder, caso contrário não terá o reconhecimento e a dedicação da equipe.
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